Por: Ebenézer Anselmo
Todavia, o que se vê por aqui é algo anormal, é algo que foge à imaginação de qualquer analista mais atento e até dos mais ingênuos. As infrações dolosamente perpetradas pelos agentes políticos contra o patrimônio público atingiram as raias do absurdo e do inimaginável. Já é insuportável e algo precisa ser feito com urgência. A corrupção corrói as estruturas do Estado, enfraquece as instituições, arruína os serviços públicos e avilta a
dignidade do cidadão, impedindo o desenvolvimento social e geral do País.
A índole criminosa de alguns indivíduos, deformada pela ausência da ética e da moral e também pelas facilidades propiciadas pelo sentimento de poder, comando e decisão, e as zonas cinzentas entre a criminalidade e a legalidade e ainda a crença da impunidade, levam muitos indivíduos – e políticos, principalmente – a agirem desonestamente, como se fossem os donos deste País e pouco se importando com a opinião alheia e com a lei.
Nelson Hungria, em seus Comentários ao Código Penal professa que “o crescente arrojo das especulações, a voracidade dos apetites, o aliciamento do fausto e a febre do ganho, sistematizaram, por assim dizer, o tráfico da função pública. A corrupção campeia como um poder dentro do Estado e em todos os setores desde o contínuo que não move um papel sem a percepção de propina, até a alta esfera administrativa onde, misteriosamente, enriquecem da noite para o dia”. São palavras pronunciadas há algumas décadas, mas, que refletem o abandono e caos moral em que vivemos hoje.
Pelo que se vê, havia corrupção nas décadas de cinqüenta e sessenta do século passado, mas, não se comparava com o que ocorre nos dias de hoje. Se o grande jurista Nelson Hungria se indignava com a corrupção daqueles tempos, o que pensaria da corrupção dos dias de hoje? Aqueles foram dias santos se comparados com os dias de hoje.
Para Sergio Habib, “a corrupção não é sinal característico de nenhum regime, de nenhuma forma de governo, mas, decorrência natural do afrouxamento moral, da desordem e da degradação dos costumes, do sentimento da impunidade e da desenfreada cobiça por bens materiais”. Observa-se, contudo, que a grande sede de poder de quase todos os políticos brasileiros, sobrepuja quaisquer outras influências e tendências que podem nos mostrar os sociólogos e psicólogos à luz dos seus estudos e pesquisas sobre a sociedade como um todo.
Infelizmente, o futuro do nosso País é negro, já que não se vê sequer uma pequena luz no final do túnel. Aliás, não se vê nem o túnel. Provavelmente, roubaram o túnel.
O Brasil foi tomado por salteadores, e pelo caminho democrático das urnas. Todos esses escândalos constituem a prova cabal do que falamos aqui. Só nestes sete meses de Governo Dilma Rousseff, não se viu outra coisa nos
jornais e noticiários, além de escândalos e mais escândalos. Abram qualquer grande jornal ou revista semanal: mais de 80 % do espaço ocupado com escândalos, corruptos e corruptores. E ninguém é punido. Ninguém. Quando muito, o ministro ou o diretor ou o deputado ou o senador ou o prefeito ou o governador ou o vereador é advertido ou suspenso, ou perde o cargo e mais nada; somente perde o cargo. E se for Presidente, nada acontece. O primeiro exemplo foi o caso Erenice Guerra. Quem quer se meter com um Presidente, não é mesmo? Falta coragem, falta conhecimento dos fatos – por que as pessoas não lêem, não se informam, não sabem de nada. Como dizia Monteiro Lobato: “quem não lê, mal sabe, mal ouve, mal vê”.
Ninguém devolve o que roubou e ninguém vai para a cadeia. Perdem apenas o cargo, como se isso fosse punição. O que mais dizer sobre a atual presidente? “Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes...” É o que se pode dizer. Mas mudou: Piorou e piorou muito. Querem ver? Leiam os jornais, leiam as revistas semanais, assistam os noticiários. Não há mais espaço na mídia para outras notícias: A corrupção tomou conta do noticiário, totalmente, vergonhosamente. Hoje mesmo, (20/08/11), o jornal O Globo noticia o seguinte: “Dois deputados com problemas na Justiça – o réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal João Paulo Cunha (PT-SP) e o deputado Eduardo Cunha ((PMDB-RJ), que responde a inquérito no STF – foram escolhidos, respectivamente, como presidente e relator da Comissão Especial da Câmara que discutirá e aprovará mudanças no Código de Processo Civil. As indicações feitas pelos líderes do PT, Paulo Teixeira (SP), e do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), provocaram críticas e mal estar nos três poderes”. E, dizemos nós, estupefação no País! Imaginem qual a reação das pessoas se nomeassem o Fernandinho Beira Mar e o “Escadinha” para Presidente
e Relator da Comissão Especial da Câmara, respectivamente. Trata-se de uma comissão que vai mudar o Código Civil! Incrível, mas é verdade.
Que País é esse que não reage? Onde estão os magistrados, os promotores? Onde está o senado, o Supremo Tribunal Federal, a câmara dos deputados? Onde estão os “caras pintadas”? Só fazem passeatas a favor de comunistas e candidatos a dItadores? Onde estão os jovens ativistas? Onde está a UNE? Recebeu milhões do governo Lula “para a construção da nova sede” e perdeu a língua? Calou-se? Calou por quê?
Vergonha... Que vergonha eu tenho de tudo isso. Afinal, sou brasileiro.
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